Rocinha
A Rocinha sob as lentes dos jovens moradores
O objetivo é abordar algumas questões sociais, pelas vozes de jovens moradores da Rocinha. Apesar do grupo pesquisado frequentar espaços de trabalho, acadêmico e de consumo renomados, ainda assim se sentem excluídos, por vieses negativos, trazendo exclusão. O acesso à educação e trabalho mais “qualificado” são vistos pelos jovens pesquisados como a única forma de inclusão social e pertencimento. Por isso, a urgência das marcas, em mudanças nos processos de contratação e treinamento, comunicação, serviços, produtos etc. para uma realidade que traga mudanças sociais.
Nem sempre as marcas facilitam, e com certeza as que estarão na frente, serão as que escutarão as pessoas provocando mudanças de comportamentos.
Na Rocinha, o IDH, é muito baixo- (0,732). É o 120º colocado entre 126 regiões analisadas na cidade do Rio de Janeiro (IBGE-2010). Existem vários desafios sociais, econômicos e urbanísticos que, de um lado, podem ser vistos como barreiras ao desenvolvimento local, mas, de outro, podem ser encarados como oportunidades de transformação a partir da perspectiva da criatividade.
Os moradores lidam, além do preconceito de classe, gênero e cor, com a “discriminação por endereço"
Existe uma crença de que todo morador de uma favela é um bandido, mal caráter e sem educação. Tem uma crença de que o jovem que mora em um lugar com bandidos tem potencial para se tornar um, ou, se mora nesta região, poderá ter problemas para trabalhar mediante um conflito.
Será que as empresas estão prontas para essa conversa?
A Rocinha tem alma de uma cidade do interior
A Rocinha tem valores que estão enraizados na sua origem, no significado do seu próprio nome – Roça, Rocinha: plantação e vendas de hortaliças -, o que reflete a identidade de uma cidade pequena, ou uma região que remete à cidade do interior.
A Cultura da Hospitalidade é uma oportunidade de aprendizado para as pessoas, organizações e marcas que poderão repensar as suas práticas, nos valores da hospitalidade.
A hospitalidade é um importante valor cultural e tem relação com o seu passado. Pela ausência do setor público, as pessoas passaram a se ajudar em troca de serviços. E perdura até hoje.
Os relacionamentos são como laços de proteção entre os próprios moradores, estabelecendo uma relação de confiança, sentindo-se acolhidos e protegidos.
Em um local onde se encontram problemas de desigualdade socioeconômica e violência, o relacionamento entre moradores ajuda a transformar o lugar com características de “não hospitaleiro” em hospitaleiro.
A Rocinha tem histórias que proporcionam experiências nas duas culturas: a carioca e a nordestina
Os nordestinos emigraram na década de 1940, trazendo a sua cultura para dentro da Rocinha. A feira no Largo do Boiadeiro, que ocorre aos domingos, carrega a forte característica nordestina, como, por exemplo, o colorido e a música. A gastronomia e decoração nordestina do interior de alguns comércios são traços desses imigrantes.
A Rocinha é uma cidade que nunca dorme e funciona 24 horas por dia
A Via Ápia é considerada o centro comercial, tendo uma relevante concentração de comércio, prédios, lojas, bares, casas, academia, restaurantes, e pontos de van, de táxi e de mototáxi, promovendo um grande fluxo de pessoas, conexões e relações entre elas, dentro dos próprios espaços de consumo e a cidade.
De acordo com o censo empresarial do Rio de Janeiro de 2010 (IBGE, 2010b) a Rocinha contava com, aproximadamente, 6.000 empreendimentos e a maior parte deles atuando na informalidade. Segundo a Associação Comercial da Rocinha, a favela abriga cerca de 2.500 estabelecimentos comerciais registrados, totalizando em torno de 8.500 estabelecimentos
A importância da capacitação, cursos e treinamentos
Segundo a associação de moradores são, aproximadamente, 410 ONGS que oferecem cursos de capacitação voltados para arte, dança – como valsa, balé -, teatro, capoeira, grafite, línguas estrangeiras entre outros. Como exemplo o Horta na Favela que é uma Organização comunitária e desenvolve um Projeto de Desenvolvimento Sustentável na Rocinha, que visa o desenvolvimento social e a redução do impacto ambiental, por meio da horticultura.
A Rocinha é o retrato do Brasil, e falar sobre a Rocinha e os seus moradores é também entender um pouco mais de um país desigual.
Crédito das fotos
Rocinha Sob Lentes Oficial
4 amantes da fotografia, retratando a maior favela da América Latina através da fotografia: