Exercer  a criatividade só é possível na quietude da atenção no momento presente

A criatividade tem sido considerada uma das principais habilidades, para solucionar problemas, diante complexidades sociais, e escassez de recursos financeiros. E ganhou mais força com a automação, inteligência artificial, informatização de processos e maior acesso à internet. 

Para Jorgen Via Knudstorp, presidente do LEGO Brand Group. a criatividade é o rearranjo do conhecimento existente em novas combinações úteis. Julia Cameron, autora do livro O Caminho do Artista, diz que para ser criativo a atenção focada é essencial, por isso é necessário ter atenção nas experiências de vida e não as ignorar. Brendan Dawes, um artista que usa processos generativos envolvendo dados, aprendizado de máquina e algoritmos criando projetos entende que para ser criativo é preciso fazer absolutamente nada. Para ele, em um mundo onde estar “ocupado” é considerado um símbolo de status, torna-se ainda mais importante se desligar totalmente. E acredita que é em tempos de quietude que todas as diferentes informações que consumiu, tanto ativa quanto passivamente, se misturam para formar novas ideias.. 

Segundo o curso que fiz durante 4 semanas realizado pelo The School of Life e Stephen Little, esse movimento, de prestar atenção às experiências internas e externas, porém de forma gentil e curiosa chama- se mindfulness. Significa o desenvolvimento das habilidades de estarmos conscientes de nossas experiências (prazerosas ou não), para aprendermos a responder mais sabiamente às situações ao invés de simplesmente reagimos a elas automaticamente. Quando temos uma percepção mais clara do momento presente, as nossas decisões são melhores, impactando a saúde, as relações com os outros, e a realização pessoal e profissional. O problema é que passamos muito tempo no “piloto automático”, reagindo, que é o estado oposto à mindfulness e com isso, deixamos de lado a criatividade.

 O livro A Coragem de Ser Imperfeito, chama esse processo de estar sempre ocupado ou loucamente atarefado de “entorpecimento”. Assim, criam-se vícios que podem ser horas compulsivas de trabalho, excesso de álcool, café, açúcar, compras, horas na televisão, celular, remédios, entre outros. A ideia é a de que se estivermos ocupados, anestesiarmos os nossos sentimentos, amortecendo a dor e a dificuldade, mas juntamente nos desconectamos com o mais importante: o amor, alegria, aceitação e a criatividade.  De alguma forma, cada um de nós endossa este processo anti-criativo, quando o trabalho e a produtividade passam a ter relevância central na construção da nossa identidade.  E Segundo a pesquisa Consumidor do futuro 2022, (WGSN Insight), este movimento é chamado de “trabalhismo”, trazendo cansaço, pessoas tristes, ressentidas, ansiosas, com sofrimento psicológico, burnout, faltas no trabalho e produção pior

No entanto, segundo esta mesma pesquisa, algumas empresas, já entenderam e definiram novas políticas, e algumas estão implementando limites – e os incorporando aos indicadores de desempenho (KPIs). Em Mumbai, a WeWork inseriu a diretriz do ‘direito de se desconectar’, estimulando os funcionários a não responderem e-mails de trabalho depois das 19h. Em Osaka, a empresa de software YRGLM tem um esquema de férias de nove dias que ‘proíbe’ os funcionários de se comunicarem com a empresa. Na cidade chinesa de Zhuhai, as autoridades baniram o app WeChat depois do horário de trabalho. No Japão, a Microsoft testou uma semana de quatro dias de trabalho e notou que a produtividade aumentou quase 40% e os custos com eletricidade foram reduzidos em 23%. Ainda assim, para que a criatividade floresça em toda a sua potencialidade, é necessário rever algumas crenças e valores culturais arraigados,  sendo um paradoxo, porque se a criatividade tem sido considerada como uma das mais importantes habilidades,  no entanto, ainda falta colocar o bem-estar de cada pessoa no centro de importância, para que de fato a criatividade possa ser praticada por todas as pessoas em todos os lugares, democraticamente. 

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